Devemos tomar banho todos os dias?



Embora nem todos os países adotem a prática de tomar banho todos os dias, a prática no Brasil é incontestável por vários motivos. O nosso país é tropical e as temperaturas mais elevadas aumentam a produção de suor e fazem com que a necessidade de se sentir limpo seja maior. O banho nos livra das impurezas que o nosso corpo acaba entrando em contato pelos diversos locais onde andamos, encostamos, etc. O banho também previne doenças infecciosas, principalmente nas partes íntimas. Após um dia agitado, um banho propicia o relaxamento necessário para uma boa noite de sono. Nada melhor do que um banho para deixar o nosso corpo cheiroso, limpo e perfumado.

No Brasil
 

O hábito de tomar banho todos os dias é um costume indígena. Quando os portugueses chegaram os índios brasileiros eram bem limpos, tomavam banho diariamente e várias vezes por dia. A preocupação com a higiene deixou os portugueses assustados, tanto é que Pedro Vaz de Caminha escreveu que os nativos da terra eram tão limpos e tão formosos que deixavam qualquer europeu admirado.

A limpeza indígena contagiou os portugueses que passaram a incorporar o hábito. Inicialmente, começaram lavando os pés diariamente, depois passaram para uma prática mais regular de banho e, então, se entregaram totalmente ao banho nosso de todo dia.

Os membros da corte portuguesa resistiram bem mais tempo antes de mudarem seus hábitos. No século XVIII, algumas cidades já usavam a água de poços e chafarizes mantidos pelo Estado. Quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, em 1808, o Rio de Janeiro passou a ser o primeiro município a contar com água encanada no país.

A História do Banho

Os primeiros registros históricos do banho vêm do tempo do Egito Antigo. Naquela época o povo passava muito tempo tomando banhos com óleos perfumados.

A higiene e os banhos eram tão comuns e praticamente eventos sociais na Grécia e na Roma Antiga, que havia “banhos públicos”, onde aconteciam discussões e decisões políticas e sociais.

Romanos e Árabes haviam trazido para a península práticas que, em Portugal, iriam perdurar mesmo na Idade Média. Banhar o corpo, porém, não implicava então um estrito conceito de limpeza.

Na Grécia, o banho era uma extensão necessária da prática de ginástica: um banho revigorante, frio e breve. Em Roma e no Islã estava implícita a ideia de repouso e de convívio: uma prática social, um ritual simbólico.

Na Idade Média, prevaleceram as ideias religiosas, levadas ao exagero, que consideravam saunas locais de pecado, porque as pessoas viam umas os corpos das outras. Os banhos foram então proibidos por considerarem que a água “amolecia” a alma. Acreditava-se inclusive que a água quente dilatava os poros e favorecia a entrada de doenças. Esse tipo de crença foi responsável pelas doenças que assolaram a Idade Média, como a peste, que dissimou populações inteiras.

A moda na época ganhou força com o uso permanente de chapéus e perucas, para disfarçar os piolhos. Como acreditava-se que a pele do rosto podia se desgastar, não se lavava o rosto e para esconder qualquer tipo de sujeira usava-se maquiagem. Para disfarçar o cheiro usava-se perfumes.

Durante as Descobertas, os europeus eram vistos pelos nativos como povos “mal-cheirosos e porcos”. O Oriente, diferente do Ocidente, manteve nesse período os hábitos saudáveis de limpeza e higiene dos povos antigos. No século XVII, os banhos ainda eram vistos como perigosos e desaconselhados a pessoas doentes. Existem vários exemplos de como a nobreza lidava com a higiene: o rei francês Luís XIV tomou banho apenas duas vezes na vida, quando nasceu e quando casou. O príncipe Felipe II de Portugal lavou as pernas pela primeira vez aos sete anos. 

No século XIX começa a mudar os conceitos de higiene com as descobertas de Pasteur (1822-1895). Os hospitais e outros locais de contato com doenças começaram a ser limpos regularmente. A enfermeira inglesa Florence Nightingale (1820-1910) também contribuiu com empenho e ação ao organizar hospitais e aplicar noções de higiene básica a locais e pessoas.

Estudos médicos comprovaram que a maior causa de morte nos doentes tinha a ver com infecções provocadas por falta de higiene dos médicos, que não lavavam as mãos antes e depois de verem e tratarem os doentes. Passaram, então, a ser obrigados a desinfectar sempre as mãos.

Foi apenas no século XX que o banho entrou nos hábitos dos europeus e, mesmo se ainda não se trata de um momento diário, estamos certamente muito melhor.

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